O Apanhador no Campo de Centeio (The Catcher in the Rye)

“Esse é que é o problema todo. Não se pode achar nunca um lugar quieto e gostoso, porque não existe nenhum. A gente pode pensar que existe, mas, quando se chega lá e está completamente distraído, alguém entra escondido e escreve ‘Foda-se’ bem na cara da gente.”

Holden Caulfield

Atrasei um pouco o post dessa semana devido a um evento na faculdade. Foram 3 dias de palestras e workshops na área que eu estudo, design. Por causa disso, acabei demorando um pouco mais para me organizar e escrever o texto sobre o livro que li essa semana, e que se não tivesse sido recomendado por um amigo, talvez nunca fosse despertar meu interesse.

O Apanhador no Campo de Centeio

Holden Caulfield é um adolescente de 16 anos e, como qualquer outro de sua idade, é cheio de convicções. Está sempre descontente ou aborrecido com os outros, sempre incomodado com a falsidade e superficialidade das pessoas à sua volta. Sua rebeldia faz com que seja expulso do colégio interno onde estuda. Holden tem um péssimo desempenho escolar, já que não consegue se dedicar às matérias cujos professores têm atitudes das quais ele discorda. Nem mesmo seus colegas mais próximos o agradam. Ele sempre encontra algo que faz com que sinta raiva das pessoas, embora não fale nada, e nem tenha coragem para fazer alguma coisa em relação a elas. Apenas seu professor de inglês parece entender o que se passa com o jovem, embora não possa fazer nada mais do que dar conselhos.

Sabendo que seus pais não receberiam bem a notícia de sua expulsão, resolve passar os últimos dias letivos vagando por Nova Iorque, se hospedando em hotéis, frequentando bares, bebendo muito e sempre se sentindo deprimido e solitário. Durante esses dias, reflete bastante sobre sua vida (a reflexão característica da adolescência, cheia de certezas absolutas), conhece novas pessoas e reencontra antigos conhecidos, sempre buscando explicar ou entender a situação que está vivendo.

O protagonista busca nas pessoas algo que ele poderia encontrar apenas dentro de si. Admira seu irmão mais velho, que para seu desgosto foi trabalhar como roteirista em Hollywood (Holden odeia o cinema), sente falta de seu falecido irmão mais novo Allie, e ama verdadeiramente sua irmã mais nova Phoebe, a única pessoa que consegue se conectar verdadeiramente à ele.

O título do livro que à princípio, me fazia pensar que se tratava de algum romance rural ou algo do gênero, é explicado no decorrer da história, e acaba sendo decisivo para a compreensão da motivação do protagonista. Não vou estragar a experiência de quem pretende ainda ler a obra, contando aqui todos os detalhes da trama.

Uma capa mais antiga

Originalmente publicado em 1951 no formato de revista, o texto é bastante dinâmico e cheio de expressões consideradas grosseiras na época, algumas até hoje, o que atrapalhou sua publicação e popularização em diversos locais. O protagonista é pessimista e irritante mas nem por isso deixa de cativar, já que em muitas situações dentro da história não temos como não concordar com ele.

Achei bastante curioso o fato de que, apesar de se passar nos anos 1950, a história continua sendo contemporânea. É claro, há a óbvia ausência de celulares e computadores, mas tirando isso parece que o mundo não mudou nada nas últimas décadas. E é interessante ver como 8 dólares eram uma pequena fortuna sessenta anos atrás.

O Apanhador no Campo de Centeio já foi tema de músicas, usado como referência em diversos filmes e teve o sobrenome do protagonista transformado em nome de banda. Avesso ao cinema, assim como seu personagem mais famoso, o autor J. D. Salinger nunca quis que o livro fosse adaptado para o cinema.

É publicado atualmente pela Editora Do Autor, e conta com 208 páginas.