O Restaurante no Fim do Universo – The Restaurant at the End of the Universe

Segundo volume da série Mochileiro das Galáxias

Segundo volume da série Mochileiro das Galáxias

“Existe uma teoria que diz que, se um dia alguém descobrir exatamente para que serve o Universo e por que ele está aqui, ele desaparecerá instantaneamente e será substituído por algo ainda mais estranho e inexplicável.

***

Existe uma segunda teoria que diz que isso já aconteceu.”

Continuação direta de O Guia do Mochileiro das Galáxias, O Restaurante no Fim do Universo é o segundo volume da trilogia de cinco livros escrita por Douglas Adams. Neste livro, seguimos acompanhando as aventuras de Arthur, Trillian, Ford, Zaphod e Marvin, logo após o desastroso acidente envolvendo alguns ratos brancos e uma frota de demolição Vogon.

Numa tentativa desesperada de conseguir um pouco de chá para beber, Arthur acidentalmente acaba desviando toda energia e poder de processamento dos computadores da nave Coração de Ouro para o sintetizador de alimentos. Nesse momento de completa vulnerabilidade, são atacados por perseguidores Vogons, e seriam destruídos em apenas 4 minutos. Os quatro minutos mais longos da história do Universo, graças à sessão espírita iniciada por Zaphod, o Presidente da Galáxia, dentro da mesma nave, e a intervenção temporal do espírito de seu bizavô.

Sim, o segundo livro é ainda mais confuso e bizarro que o primeiro. Pelo menos para mim, a história ficou em segundo plano. Sempre que virava uma página, ou avançava um capítulo, esperava por um trecho do Guia, aprofundando um pouco mais o universo criado pelo autor, e revelando suas filosofias muitas vezes ácidas à respeito do mundo real, disfarçado por todo o cenário maluco criado pelo mesmo.

Em algumas páginas descobrimos o que o autor pensa sobre religião, política, a insignificância do homem com relação a infinitude do universo, mas uma das melhores definições é sobre a banda de rock fictícia Disaster Area, que deixa muito claro o desgosto do mesmo sobre rock:

“O Guia do Mochileiro das Galáxias diz que a Disaster Area, uma banda de rock plutoniano das Zonas Mentais de Gagrakacka, é geralmente tida não, apenas como a mais barulhenta de toda a Galáxia, mas também como o maior de todos os barulhos. Os frequentadores habituais dos shows dizem que o melhor lugar para se ouvir um bom som é dentro de grandes bunkers de concreto a uns 60 quilômetros do palco, enquanto os músicos em si tocam os instrumentos por controle remoto a partir de uma espaçonave altamente isolada que fica em órbita em torno do planeta – ou, mais frequentemente, em torno de um planeta completamente diferente. Suas músicas são no geral bastante simples e a maioria segue o tema familiar do ser-masculino que encontra um ser-feminino sob uma lua prateada, que depois explode sem nenhum motivo aparente.”

E as descrições dos efeitos de um show num planeta desértico são descritos de forma parecida. Conta que os poucos sobreviventes da apresentação testemunharam toda a areia do deserto se erguer no céu como uma panqueca de um quilômetro de espessura, que virou e caiu de volta no solo. Um ano depois, aquela região do planeta estava coberta por uma exuberante floresta.

Outro ponto legal da narrativa é o momento em que os personagens se encontram dentro do Restaurante Milliways, localizado no final da linha do tempo. Lá os personagens podem almoçar tranquilamente, sabendo que suas contas foram pagas milhares de anos atrás, ao depositarem um centavo na conta bancária do restaurante e deixarem a correção monetária se encarregar do resto. Enquanto fazem seus pedidos, os personagens conhecem um boi, manipulado geneticamente durante sua concepção para que fosse a favor de ser morto para virar alimento, contrariando todas as expectativas de centenas de milhares de habitantes da Galáxia que optam pelo vegetarianismo. O boi chega até mesmo a indicar quais partes de seu corpo estão mais apetitosas.

Essa cena está presente inclusive, na bizarra adaptação da história feita para a tv pela BBC, o boi sendo misteriosamente substituído por um porco:

O livro ainda conta com várias outras passagens memoráveis, como a passagem de Zaphod pelo planeta mais perigoso da Galáxia, seu posterior encontro com o Homem que Comanda Tudo, algumas viagens desastrosas no tempo que acabam obrigando Marvin a aguentar a eternidade umas duas vezes, e o encontro de Arthur e Ford com nossos ancestrais primitivos.

Muitos acontecimentos nonsense num livro de apenas 173 páginas. Vale a leitura.

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O Guia do Mochileiro das Galáxias – The Hitchhiker’s Guide to the Galaxy

“Muito além, nos confins inexplorados da região mais brega da Borda Ocidental desta Galáxia, há um pequeno sol amarelo e esquecido.

Girando em torno deste sol, a uma distância de cerca de 148 milhões de quilômetros, há um planetinha verde-azulado absolutamente insignificante, cujas formas de vida, descendentes de primatas, são tão extraordinariamente primitivas que ainda acham que relógios digitais são uma grande ideia.

Este planeta tem – ou melhor, tinha – o seguinte problema: a maioria de seus habitantes estava quase sempre infeliz. Foram sugeridas muitas soluções para esse problema, mas a maior parte delas dizia respeito basicamente à movimentação de pequenos pedaços de papel colorido com números impressos, o que é curioso, já que no geral não eram os tais pedaços de papel colorido que se sentiam infelizes.

E assim o problema continuava sem solução. Muitas pessoas eram más, e a maioria delas era muito infeliz, mesmo as que tinham relógios digitais.

Um número cada vez maior de pessoas acreditava que havia sido um erro terrível da espécie descer das árvores. Algumas diziam que até mesmo subir nas árvores tinha sido uma péssima ideia, e que ninguém jamais deveria ter saído do mar.

E então, uma quinta-feira, quase dois mil anos depois que um homem foi pregado num pedaço de madeira por ter dito que seria ótimo se as pessoas fossem legais umas com as outras para variar, uma garota, sozinha numa pequena lanchonete em Rickmansworth, de repente compreendeu o que tinha dado errado todo esse tempo e finalmente descobriu como o mundo poderia se tornar um lugar bom e feliz. Desta vez estava tudo certo, ia funcionar, e ninguém teria que ser pregado em coisa nenhuma.

Infelizmente, porém, antes que ela pudesse telefonar para alguém e contar sua descoberta, aconteceu uma catástrofe terrível e idiota, e a ideia perdeu-se para todo o sempre[…]”

Douglas Adams – o gênio por trás dessa maluquice toda!

Assim começa um dos livros mais irônicos e dinâmicos que já li na vida. Escrita por Douglas Adams em 1977, originalmente para ser uma rádio-novela da BBC e posteriormente compilado na conhecida “trilogia de cinco livros”, a série é uma grande história de humor nonsense recheada de filosofia nas entrelinhas. Impossível não se identificar nem um pouco com a obra.

A história fala basicamente sobre a raça humana, apesar de começar alguns minutos antes da destruição do planeta Terra, que foi demolido para a construção de uma via expressa hiperespacial, parte de um plano para o desenvolvimento de regiões periféricas da galáxia. Os primeiros capítulos são suficientes para que o leitor perceba o tom de toda a série: a extrapolação absurda de problemas mundanos. Colocando as coisas em tal perspectiva, é quase ridículo analisar os grandes problemas por quais passamos diariamente.

Capa do primeiro volume da série

Arthur Dent, o protagonista, é o inglês padrão. Seu amigo Ford Prefect, é um pesquisador de campo e redator do Guia do Mochileiro das Galáxias originário de um pequeno planeta perto de Betelgeuse. Ford é também o responsável por salvar Arthur nos momentos finais da Terra, conseguindo uma carona numa das Naves Vogons de Demolição que estavam em órbita.

Os Vogons são uma raça conhecida por ser extremamente burocrática, e péssimos em poesia. Na realidade, a poesia Vogon acaba sendo mais chocante que a própria burocracia, e usada como forma de tortura em alguns lugares.

Logo eles conseguem escapar, e são resgatados pela nave Coração de Ouro, onde Arthur conhece o Presidente da Galáxia, Zaphod Beeblebrox, que tem 3 braços e 2 cabeças, e reencontra Tillian, uma humana que ele conheceu em uma festa à fantasia.

Dentro da Nave Coração de Ouro, que é movida por um motor de improbabilidade infinita (que funciona da seguinte forma: a probabilidade de se viajar para um determinado ponto na galáxia é a mesma de seus tripulantes se transformarem momentaneamente em patinhos de borracha. Então seus tripulantes se transformam em patinhos de borracha momentaneamente e a nave chega à seu destino.), Arthur descobre que Zaphod roubou a nave e está atrás da Pergunta Fundamental Sobre a Vida, o Universo e Tudo o Mais, motivado, em suas próprias palavras por: “curiosidade e um senso de aventura, mas basicamente pela fama e pelo dinheiro”. Graças à nave, presenciamos uma incrível micro-jornada de auto-descobrimento de uma cachalote, e o desânimo de um vaso de petúnias.

Milhões da anos antes, foi criado no Universo um colossal computador chamado Pensador Profundo, com o objetivo de calcular a resposta para a pergunta fundamental sobre a vida, o universo e tudo o mais. O processamento demorou 7 milhões e 500 mil anos, e por fim a resposta foi encontrada: 42. Faltava agora saber qual era exatamente a pergunta.

Arthur Dent, Zaphod Beeblebrox, Tricia ‘Trillian’ MacMillan e Ford Prefect

Tirando os personagens, extremamente carismáticos, e os acontecimentos surreais e o sarcasmo absurdo, a série ainda tem características muito marcantes: as máquinas e robôs, e suas personalidades. Dentro da nave Coração de Ouro, todas as portas são automáticas, e suspiram de satisfação ao realizar um trabalho bem feito. O computador de bordo é super bem-humorado e otimista, e realiza todas as tarefas com grande prazer. Existem os elevadores que preveem o futuro e sempre estão lá, antes de você pensar em apertar o botão.

E temos Marvin. O robô maníaco-depressivo. Com capacidade de processamento muito superior ao do cérebro humano, capazes de cálculos absurdos em velocidades estonteantes, e entretanto forçado a vigiar visitantes, carregar copos de refresco e atividades parecidas.

Marvin - O Andróide Paranóide

“Por acaso eu estou baixando o astral de vocês? Porque eu não queria baixar o astral de vocês.”

“[…]Ô Marvin!
Sentado no canto, o robô levantou a cabeça subitamente, porém em seguida ficou balançando-a ligeiramente. Pôs-se de pé como se fosse uns dois ou três quilos mais pesado do que era na realidade e fez um esforço aparentemente heroico para atravessar o recinto. Parou à frente de Trillian e ficou olhando por cima do ombro esquerdo da moça.
-Acho que devo avisá-los de que estou muito deprimido – disse ele, com uma voz baixa e desesperançada.
-Bem – disse Trillian, num tom de voz alegre e compreensivo – então vou lhe dar alguma coisa para distrair a sua cabeça.
-Não vai dar certo – disse Marvin – Minha mente é tão excepcionalmente grande que uma parte dela vai continuar se preocupando.
-Marvin! – ralhou Trillian.
-Está bem – disse Marvin. – O que é que você quer que eu faça?
-Vá até a baia de entrada número dois e traga os dois seres que estão lá, sob vigilância.
Após uma pausa de um microssegundo, e com uma micromodulação de tom e timbre minuciosamente calculada – impossível se ofender com aquela entonação -, Marvin conseguiu exprimir todo o desprezo e horror que lhe inspirava tudo o que é humano.
-Só isso? – perguntou ele.
-Só – disse Trillian, com firmeza.
-Não vou gostar de fazer isso – disse Marvin[…]”

O Guia do Mochileiro das Galáxias, que dá nome ao livro, é por si um livro dentro da história. Funciona como uma grande enciclopédia e possui verbetes sobre quase tudo o que existe. Entre capítulos da história, várias vezes podemos ler trechos de verbetes do Guia. O estilo em que são escritas dão a personalidade bem humorada e irônica ao livro que está se tornando mais importante que a Enciclopédia Galáctica, em parte por ser ligeiramente mais barato, mas principalmente por trazer em seu verso a mensagem, escrita com letras garrafais e amigáveis, NÃO ENTRE EM PÂNICO!

Letras garrafais e amigáveis!

“A Enciclopédia Galáctica define ‘robô’ como ‘dispositivo mecânico que realiza tarefas humanas’. O departamento de marketing da Companhia Cibernética de Sirius define ‘robô’ como ‘o seu amigão de plástico’.
O Guia do Mochileiro das Galáxias define o departamento de marketing da Companhia Cibernética de Sirius como ‘uma cambada de panacas que devem ser os primeiros a ir para o paredão no dia em que a revolução estourar’.
[…] Curiosamente, uma edição da Enciclopédia Galáctica que, por um feliz acaso, caiu numa descontinuidade do tempo, vinda de mil anos no futuro, definiu o departamento de marketing da Companhia Cibernética de Sirius como ‘uma cambada de panacas que foram os primeiros a ir para o paredão no dia em que a revolução estourou’. […]”

Depois de uma série maluca de acontecimentos e descobertas, o livro deixa o gancho para a continuação. Os personagens estão mortos de fome após tantas aventuras, e decidem que precisam almoçar em algum lugar.

“A história de todas as grandes civilizações galácticas tende a atravessar três fases distintas e identificáveis – as da sobrevivência, da interrogação e da sofisticação, também conhecidas como as fazes do como, do porque e do onde.
Por exemplo, a primeira fase é caracterizada pela pergunta: Como vamos poder comer?
A segunda, pela pergunta: Por que comemos?
E a terceira, pela pergunta: Onde vamos almoçar?

Todos os livros da série ainda darão as caras por aqui.

Aguardem pelo artigo sobre a continuação: O Restaurante no Fim do Universo.

E Lembrem-se! Fiquem atentos nos golfinhos!

O Parque dos Dinossauros (Jurassic Park)

“Nos primeiros esboços da curva fractal, poucas indicações da estrutura matemática subjacente podem ser verificadas. Com as linhas subsequentes da curva fractal, podem aparecer mudanças repentinas. Os detalhes emergem mais claramente conforme se refaz acurva fractal. Inevitavelmente, as instabilidades ocultas começam a se manifestar. As falhas no sistema se tornam agudas. A recuperação do sistema pode se mostrar impossível. Cada vez mais, a matemática exigirá coragem para enfrentar suas implicações.”

Ian Malcom

Capa da versão digital

Ofuscado pelo sucesso da adaptação para o cinema feita por Steven Spielberg, o livro escrito por Michael Crichton e publicado em 1990 foi o escolhido por mim essa semana. Lembro-me que era apaixonado pelo assunto ‘Dinossauros’ quando criança, tendo bonecos, álbum de figurinhas, e ficava assistindo ao mesmo trecho do filme animado da Disney, Fantasia, que contava a história do planeta e passava pelos “lagartos terríveis”. Finalmente ler o livro que inspirou um dos filmes que mais gostei na infância foi uma experiência muito boa.

Tudo começa num hospital em Costa Rica, em que médicos e enfermeiros atendem um paciente de emergência, que teria sofrido um acidente com uma retroescavadeira nas obras de construção de um parque nas proximidades. Todos que o atendem estranham as características do ferimento, e não conseguem salvar o rapaz, que morre após repetir algumas vezes a palavra Raptor. No contexto, os médicos associam ao termo Hupia, que significa sequestrador, em espanhol, a uma lenda local sobre uma criatura que, como um vampiro, se alimenta de sangue das pessoas durante a noite, é capaz de mudar de forma e rapta bebês de seus quartos. Infelizmente, o próprio título do livro destrói qualquer possibilidade de se criar um mistério durante esse capítulo, que no fim das contas acaba servindo apenas para enriquecer a história de detalhes.

Algumas cenas que vemos nas continuações da franquia no cinema também se mostram presente logo no começo do livro, guardadas as pequenas diferenças. A garotinha atacada por pequenos dinossauros (procompsognatos) numa praia, apenas no segundo filme, é um dos ganchos utilizados para apresentar o leitor ao personagem principal, o professor Alan Grant, paleontólogo e completamente avesso a computadores. Foi impossível não associar o personagem imediatamente ao ator que o viveu no cinema, Sam Neill. Desisti de uma vez, e conforme os personagens eram apresentados, automaticamente assumiam a aparência dos atores do filme.

Uma notável diferença entre personagens do livro e do filme está nas crianças, nos netos de John Hammond, Tim e Lex Murphy. Enquanto no filme Lex é a mais velha, no livro ela tem apenas nove anos, e seu irmão Tim, onze. Na minha opinião, eles são os personagens pior desenvolvidos no livro. O garoto é, como qualquer outro de sua idade, apaixonado por dinossauros, característica às vezes exagerada, fazendo com que ele pareça desnecessariamente genial. Sua irmã, por outro lado, parece não se tocar do que acontece ao redor durante grande parte dos acontecimentos, e tem atitudes extremamente infantis em momentos em que isso é completamente incoerente. No fim das contas, o garoto de onze anos aparenta ter uns 16, exceto por suas limitações físicas, e a garota de nove aparenta uns quatro ou cinco anos. Spielberg em sua adaptação, mostra mais uma vez sua capacidade de construir personagens infantis com grande maestria.

Sam Neill como Dr. Alan Grant

Bom, acredito que todos conheçam a história, então não pretendo entrar em detalhes de enredo. Deixarei para os leitores curiosos descobrirem por si as diferenças gritantes entre o livro e o filme. Como uma obra de ficção científica, se propõe a discutir um tema a ela contemporâneo de uma forma metafórica que pode ser mais facilmente aceita pelo leitor. O livro é todo permeado com discussões sobre os usos da engenharia genética, e a ética envolvida ou não nos mesmos. Tudo sempre extremamente preciso e detalhado.

A sequência de acontecimentos é guiada por um modelo de estudo baseado na Teoria do Caos, sendo o matemático Iam Malcom praticamente um vidente durante a história toda. Muitas vezes assumindo o papel de chato, e sempre desacreditado pela equipe do parque, a cada página somos capazes de perceber que ele estava certo desde o começo.

A partir de certo momento, os dinossauros e todos os problemas que acontecem na ilha tornam-se motivadores para uma complexa discussão sobre o papel do homem no planeta, nossa falta de capacidade de prever e controlar os rumos que a vida toma, a fragilidade de nossa existência, e como nos tornamos arrogantes acreditando que nossas atitudes podem prejudicar a vida no planeta de forma irreversível, ao invés de perceber que apenas colocamos em risco nossa própria existência. Discute-se profundamente a ética e a falta dela nas pesquisas científicas atuais, e questiona os famigerados “avanços científicos” de que tanto se falam, mas se mostram ineficientes em esclarecer para o que a ciência serve, e para que ela não serve.

O inesquecível logo do filme de 1993

Um ótimo livro de aventura, cheio de questionamentos filosóficos e lições de matemática teórica. Com uma curva dramática que sobe inacreditavelmente no final, o livro consegue prender a atenção e empolgar praticamente do começo ao fim, exceto nos momentos em que estamos querendo que a garotinha seja devorada logo pelo T-Rex e deixe os outros personagens em paz.

O Parque dos Dinossauros foi publicado no Brasil em 1991, pela Editora Nova Cultural, em edição de 492 páginas.

Descobri logo antes de escrever esse post que o autor escreveu uma continuação, chamada Mundo Perdido (Lost World) em 1996, que também foi utilizada nas adaptações subsequentes para o cinema. Assim que encontrar em algum sebo, lerei e registrarei aqui minha opinião!

Depois de ler esse texto, vá ouvir a trilha sonora do filme, que é mais uma obra prima do grande compositor John Williams!

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Jogos Vorazes (Hunger Games)

Primeiro volume da trilogia

Você percebe que um livro é bom, quando você começa a ler no domingo, e quando chega sexta feira, já está na metade do terceiro da série. Sério, foram mais ou menos 1000 páginas lidas, sem perder o fôlego. Não encontrei nada do que esperava encontrar no livro, e isso é ótimo, porque admito que comecei a ler com certo preconceito. Achei que pudesse ser um próximo Crepúsculo. Ainda bem que estava enganado!

Eu sabia que meu irmão já havia assistido ao filme, e ficou maluco de tanta empolgação. Alguns amigos também já haviam falado bem da série, então resolvi dar um voto de confiança.

O cenário é pós-apocalíptico, onde os EUA não existem mais. Em seu lugar surgiu Panem, uma nação formada por doze Distritos, comandados com mão de ferro por uma tirânica Capital cujos habitantes vivem uma vida de supérfluos e não têm a menor idéia da miséria dos habitantes dos distritos. A história é narrada em primeira pessoa, por Katniss Everdeen, uma moradora do Distrito 12, produtor de carvão e mais pobre dos distritos. Cada um deles produz algo essencial para a Capital, e formam a linha de suprimentos da mesma. Por exemplo: o Distrito 11 é o setor agrícola, o Distrito 4 é responsável pela pesca, o 7 por madeira e papel.

Setenta e cinco anos antes, durante o tempo que ficou conhecido como Dias Escuros, os distritos se rebelaram contra a Capital, mas foram derrotadas pelas forças militares da última. O 13º Distrito foi bombardeado e destruído para servir como exemplo, e desestimular os outros à continuarem com sua rebelião. Com o fim do conflito, a Capital instituiu um evento anual que serve para lembrar os habitantes dos distritos que eles serão sempre submissos ao seu poder, chamado Jogos Vorazes. Os Jogos são um tipo de Reality Show, onde 2 participantes de cada distrito, um garoto e uma garota, de 12 à 18 anos, são sorteados como tributos para serem jogados em uma arena mortal, de onde apenas um deles deve sair vitorioso. É um programa brutal, assistido com prazer pelos habitantes da Capital, que não envia representantes, e com pesar pelos moradores dos distritos, que são obrigados à assistir aos jogos em telões públicos.

Katniss perdeu seu pai ainda jovem, morto num acidente na mina de carvão em que trabalhava. Desde então, assumiu a responsabilidade de alimentar a sua família, aprendendo a caçar na floresta e treinando suas habilidades com arco e flecha. Aos 16 anos, acaba sendo forçada à participar da 74ª Edição dos Jogos Vorazes. Acompanhar pelos olhos da protagonista o choque cultural quando ela chega à Capital é algo que dificilmente pode ser passado num filme que não conta com os diálogos internos da personagem. Todos os habitantes da Capital que ela tem contato parecem extremamente fúteis e rasos, preocupados apenas com as aparências, abusando da fartura e abundância de recursos.

Poster de divulgação da adaptação para o cinema

Quando chega na arena, percebemos o sofrimento de Katniss por saber que está sozinha, sendo obrigada a matar seus rivais, inclusive o outro tributo de seu distrito, um rapaz cuja família ela conhece há anos.

A violência e brutalidade da situação é retratada no livro de forma crua, sem exaltação, mas também sem suavização. As coisas acontecem, e a personagem tenta lidar com elas com as condições que possui no momento. Numa época de banalização da violência na televisão, nos filmes e nos videogames, o sofrimento da personagem perante os Jogos Vorazes traz uma reflexão bem-vinda para as crianças e adolescentes que gostam da série. Katniss é forte e decidida o suficiente para fazer o que for necessário para se manter viva, mas humana o suficiente para reconhecer em cada adversário uma pessoa como ela, com sonhos, família, romances.

O final do livro, apesar de trazer a óbvia sobrevivência da personagem, consegue virar a trama de forma que você espere para conhecer as consequências da vitória, e o que vem depois.

Já li o segundo volume, e estou na metade do terceiro, mas não sei como falar sobre eles aqui sem um festival de spoilers. De repente comento algo mais pra frente.

Jogos Vorazes, de Suzanne Collins é publicado no Brasil pela editora Rocco, numa edição com 400 páginas.

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O Caçador de Andróides (Do Androids Dream of Electric Sheep?)

Um romance de ficção científica escrito por Philip K. Dick entre 1966 e 1968, narra um período de crise moral do protagonista, Rick Deckard, que trabalha para o departamento de polícia “aposentando” andróides renegados.

Ambientado na futurista São Francisco de 1992 (em edições lançadas após a adaptação para o cinema, a data foi alterada para 2021), nos mostra um mundo destruído pela GMT – Guerra Mundial Terminus, uma guerra nuclear que levantou poeira radioativa por todo o mundo. Os cidadãos não conseguem mais ver o céu. Os animais foram quase todos extintos, e possuir um deles é símbolo de status.

Rick Deckard possuía uma ovelha. Bem, seus vizinhos pensavam que sim, já que sua ovelha morrera e fora substituída por uma réplica elétrica. E, por incrível que pareça, esse fato acaba se tornando uma das principais motivações do protagonista. Conseguir comprar uma nova ovelha de verdade.

Grande parte da população da Terra emigrou para o planeta colônia Marte, onde são fabricados os androides – réplicas perfeitas dos seres humanos na aparência, superiores aos seres humanos em habilidades e inteligência, mas que podem ser identificados por não possuírem algo que se tornou o alicerce da paz na sociedade futura: empatia.

Rick Deckard e outros caçadores de cabeça precisam identificar e “aposentar” androides Nexus-6 (os mais avançados) fugitivos da colônia, aplicando o teste de empatia Voight-Kampff e depois seu “tubo de laser”. Alguns nomes eram conhecidos por mim, por causa do filme: Pris Stratton e Roy Baty. Entretanto, não encontrei Zhora nem Leon Kowalski, para conhecer Kolopov, Luba Luft (uma passagem bem legal do livro acontece com ela, Deckard e outro policial, dentro de um elevador) e outros.

No decorrer da história, você se depara com dilemas morais, quando o protagonista começa a sentir empatia para com os androides, duvidando da sua capacidade de identificá-los, duvidando da sua capacidade de “aposentá-los”. Simultaneamente, somos apresentados a alguns dos fugitivos, e suas atitudes pouco empáticas nos causam sensação de estranheza durante a leitura. Pelo menos eu me senti assim…

O ápice da estranheza é ver uma androide amputando as patas de uma aranha de verdade (que poderia ser vendida por algumas centenas de dólares) apenas para saber se ela poderia andar com menos patas. Não foi um ato de maldade genuína, mas toda a narrativa anterior torna essa atitude diabolicamente inaceitável.

No fim, diferente da adaptação para o cinema, dirigida por Ridley Scott em 1982, não resta dúvidas sobre a humanidade do protagonista. Seu embate final com os androides foi um tanto rápido, mas eu entendo que o objetivo de um livro de ficção científica é fazer o leitor refletir, e não oferecer uma experiência de ação ou aventura. E realmente, apesar de esperar um combate mais complexo, como mostrado no filme, me surpreendi com o efeito que o livro teve sobre meu estado de ânimo, e como fiquei remoendo algumas ideias propostas pela história.

Extremamente diferente do filme, mas ao mesmo tempo tão próximo. Juntei os dois na minha cabeça, e o resultado é minha história favorita de ficção científica. Até agora!